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Na raiz de todo
movimento importante está sempre um punhado de pessoas que deixaram de lado os
seus interesses e se entregaram a tarefa que originalmente deveria ser de toda a
coletividade. Quando fizerem o levantamento da Cultura de São Caetano -
se é que em algum tempo isso venha a interessar alguém -
a pessoa de Sinval há de ser indicada como uma das criaturas que mais
contribuiu para com a nossa gente.
Hão de encontrá-lo
oferecendo sua ajuda à ACASCS – Associação Cultural e Artística de São
Caetano do Sul, onde participou como artista e professor; na “Turma”, um dos
movimentos mais significativos do teatro amador desta região que souberam
amparar o surgimento desta Fundação das Artes, da qual é o atual Presidente
do Conselho de Curadores.
Nos principais
centros culturais do país, São Caetano é lembrado graças ao nome de Sinval
que, com seu trabalho e talento tem sido convidado a figurar nos melhores salões
de arte.
Receber esta
Fundação uma exposição individual de trabalhos desse artista é privilégio
que fazemos questão de proclamar. Não apenas pelo que ele representa como
pessoa em nossa coletividade, mas, principalmente, pela qualidade de seus
trabalhos.
Desenhista,
Pintor, Escultor e Muralista, Sinval é o autor do painel do Teatro Municipal de
São Caetano do Sul; da Fachada do Diário do Grande ABC, em Santo André; do
hall do Pampas Palace Hotel, em São Bernardo do Campo; da Via Sacra da Igreja
de Nossa Senhora da Aparecida, em São Caetano do Sul, e é da mesma forma, o
delicado desenhista de pequenos motivos em que fixa o cotidiano, o pintor da
gente simples trabalhando e das mulheres que carregam seus filhos sempre com
amor transcendente.
Não há quem não
goste dos trabalhos de Sinval: impregnados de um magnetismo que tem origem no
seu desenho claro e no cromatismo contrastante e tropical, conseguem atrair o
olhar do eventual espectador. Entretanto, esse brilho não é falso. Ele resiste
à análise mais consciente e profunda. Daí o seu valor que a Fundação
admira, respeita e proclama nesta oportunidade.
Presidente
da Fundação das Artes
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Morro
do Chapéu – Bahia – 15.06.1927.
Autodidata,
começou a pintar em São Paulo em 1953.
Participou
de todas as amostras oficiais de São Paulo, destacando-se na IX Bienal
Internacional de São Paulo
As
figuras hieráticas da série RITOPLASTIA têm a nobreza de atitude e a pureza
de traços dos mármores clássicos. Envoltas em objetos enigmáticos –
emblemas? Instrumentos de ritos desaparecidos? – elas lembram as antigas
sibilas proferindo oráculos misteriosos em cerimoniais esotéricos. A emoção
mística refletida nesses rostos majestosos distancia a obra, fecha-a num mundo
transcendental e constitui seu maior encanto.
Nestas
composições perfeitamente equilibradas, Sinval transmite um profundo
sentimento religioso, ele atinge um ápice de sua força de expressão, com a
mesma cromática suave que o caracteriza. Sua arte é essencialmente comovedora,
no sentido mais espiritual dessa palavra.
Josette
Balsa
Membre
de L’A.B.C.A. (Assoc. Brésilienne dês Critiques d´Art) et
de
I’A.I.C.A. (Association Internationale dês Critiques d´Art)
São
Paulo, 15 de novembro de 1.989
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Algo
de novo e perturbador se instala nas pinturas de Sinval, e isto é um bom sinal.
Os espaços antes habitados por figuras, agora tomam ,formas do lirismo que
sempre predominou em sua obra. O que havia de concreto, aos poucos vai cedendo
lugar a texturas e símbolos, acentuando uma atmosfera lúdica. Particularmente
sua obra, muito se fez dosar deste universo onírico, agora que fragmenta o que
antes era sólido, torna-se ainda mais apaixonante. O mais impressionante é que
estas mudanças foram se impondo ao próprio artista. Contudo, é preciso se
perguntar, por que mudar? Mais algo mudou de fato, ou apenas seguiu um curso
natural? Passou Sinval a “exibir modernidade” transformando sua pintura? O
que houve foi apenas redução do visível para sentimento que se escondia
sorrateiramente entre os pincéis. Como muito bem diz Francastel em seu livro
pintura e sociedade “....a arte é um inventário preciso das atividades e das
crenças...”. O que devemos é olhar sua pintura com os sentidos mais
apurados, desta forma partilhar com o artista a infinita possibilidade do sonho,
procurando em sua própria pintura o que ela simplesmente é, não buscando lógicas
ou argüições que nos condenem a interpretar o que vemos diante de nossos
conceitos, se assim acontecer o artista nada terá feito, nós é que estaremos
executando sua pintura. De que, então, valeu o esforço? Libertando a cor da
figura, para os espaços, não abstratizando-o em sua totalidade, os planos
ainda estão submetidos, a um certo vigor formal, que persiste da fase anterior,
e que não deve desaparecer pois cria um diálogo onde a cor se tornou ainda
mais lírica e suave tanto quanto as figuras que sempre povoavam sua obra e sua
alma de artista.
Aldo
Trípoli
Crítico
de Arte e Prof. de História da Arte da UCSAL
Out/96
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Sem qualquer hermetismo, autor de grande simplicidade, os trabalhos de Sinval Correia Soares cativam pela singeleza dos temas, pela composição harmônica e pelo intenso cromatismo que imprime aos desenhos, às pinturas ou aos seus murais.
Um lírico visual, sabe como ninguém transpor para tela ou para o papel, paisagens, o colorido e os tipos físicos da Bahia, berço da sua infância e juventude. Nascido em Morro do Chapéu, Sinval reside há 26 anos, em São Caetano do Sul, podendo ser arrolado como pintor, escultor e muralista, entre os poucos artistas da região capazes de representar o ABC, entre os melhores do país. Ele e sua autêntica maneira de traduzir em arte o que viver
Presidente da Fundação das Artes
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SINVAL
– documentos da terra e
do homem - 1989
Figuras angelicais de lânguidos olhares, paisagens imaginárias e casarios repousam em planos harmoniosos que transparecem suavidade, embora entrecortados por nuances, sulcos e reflexos.
São
lúcidas revisões do tema da terra e do homem, percurso de tons, recuperações
da memória.
SINVAL
compõe texturas e relevos, e estabelece desafio às regências da simetria e da
forma.
O
resultado é uma vibrante abstração expressionista do real, onde o vigor estético
pulsa na tangência de sua plasticidade, transformando cada obra num registro
marcante, enigmático, decidido e inquietante.
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O domínio de seu métier permite a Sinval sua liberdade na escolha de temas e no tratamento que ele dá a própria matéria pictórica. Na espessura das tintas, trabalhadas em várias camadas sucessivas, o artista vai obtendo aos poucos uma riqueza de texturas e de nuances surpreendentes. Com o pincel, a espátula e os próprios dedos, as grandes massas de cores distribuídas na superfície da tela vão sendo organizadas, lavradas e pinceladas, ganham relevos e sulcos, constituindo assim as formas para a composição da obra. Nas telas de Sinval, a primazia é dada às cores e no seu granulado e se dos amálgamas e das superposições de matéria colorida surgem anjos ou casas, árvores ou rostos, isto não tão importante quanto as justas harmonias que regem a distribuição de azuis e laranjas, amarelos e roxos, rosas suaves e verdes pálidos. Nisso consiste precisamente sua maestria, a maturidade de um fazer que já passou por várias fases, etapas e escolhas para alcançar a excelência num estilo próprio. Este "saber fazer" é de um pintor sem discursos, sem teorias e sem símbolos. Suas telas respondem exatamente a definição da pintura por Maurice Denis: um conjunto de linhas e cores colocadas numa certa ordem. E isso Sinval faz com muita fantasia e perfeição, e também com um toque de lirismo, que deixa as suas obras para o colecionador como uma festa para os olhos e a sensibilidade.
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